Crítica Dos livros para o cinema

Fahrenheit 451, de Ray Bradbury

13:21Kellen Pavão

Fahrenheit 451 é uma trama que revela uma sociedade “futurista”, submetida a um regime totalitário que censura todo tipo de leitura e manifestação ideológica, punindo a mera propriedade de qualquer tipo de livro. Ironicamente, o Corpo de Bombeiros, a serviço do governo, é o responsável pela queima de qualquer livro encontrado, devendo incendiá-los à temperatura Fahrenheit 451. Nem mesmo os bombeiros podem ter acesso ao conteúdo do livro, devendo destruí-los sem ler uma única palavra. 

Um dos fatores que chamou a minha atenção e, com certeza, a de outros leitores, é a descrição da sociedade feita pelo autor, muito semelhante à sociedade atual, seja pelo comportamento das pessoas, seja pela descrição das casas, dos móveis, pela postura do governo ou pelo consumismo cada vez mais presente em nosso cotidiano. No livro e no filme, todo conteúdo cultural é determinado e segue os padrões do governo, sem conter qualquer tipo de crítica ao mesmo. A sociedade simplesmente segue as regras impostas e repete as recomendações dos governantes até mesmo quando estão em suas casas ou nos momentos de privacidade. 

O protagonista da obra é Montag, um bombeiro exemplar prestes a ser promovido que vê sua vida mudar ao conhecer Clarice, uma jovem espirituosa, alegre, inteligente e que não segue aos padrões impostos pelo governo. Montag passa por uma verdadeira metamorfose desde seu primeiro contato com Clarice, que chama a atenção do bombeiro por oferecer a ele uma forma diferente de enxergar a vida.

À medida que sua relação de amizade com Clarice se estreita, Montag vai aprimorando seu senso crítico e começa a questionar todas as regras às quais se submete, o que vai tornando o livro cada vez mais interessante. Nem mesmo seu casamento é visto com bons olhos, e a passividade e futilidade de sua esposa se tornam um grande incômodo para ele.

Considerando que todas as pessoas que apresentam um comportamento suspeito aos olhos do governo são punidas, as descobertas e o novo comportamento de Montag provoca um certo suspense, deixando o leitor apreensivo todo o tempo. O chefe de Montag, Capitão Beatty começa suspeitar e observar o bombeiro, antes “exemplar” e tenta persuadi-lo em um dos diálogos mais interessantes da trama.

Após inúmeros acontecimentos a revolta de Montag ganha força e ele resolve levar um livro pra casa, ignorando as proibições do regime vigente. Montag é descoberto pela esposa, denunciado e perseguido pelos outros bombeiros, liderados pelo Capitão Beatty, mas consegue escapar de maneira espetacular.

Por fim, a história tem um desfecho genial, quando Montag se encontra com outras pessoas que se rebelaram contra o regime e resolveram decorar todos os livros possíveis, tornando-se "homens-livros". Foi a forma que encontraram de salvar a literatura, armazenando os livros na mente. Montag se identifica com o grupo, e passa a fazer parte do mesmo. Na versão do cinema, Motag reencontra-se com Clarice no grupo.

O livro Fahrenheit 451 é um dos meus livros prediletos, assim como o filme. Além de representar a defesa da livre manifestação ideológica e de opinião, Fahrenheit faz uma importante crítica ao consumismo e destaca a leitura como forma de desenvolvimento do senso crítico. É um livro que nos faz refletir sobre o que realmente importa! Pra quem ainda não viu o filme ou leu o livro, recomendo! 

Abaixo seguem algumas das passagens mais marcantes da obra:

"Todos devemos ser iguais. Nem todos nasceram livres e iguais, como diz a Constituição, mas todos se fizeram iguais. Cada homem é a imagem de seu semelhante e, com isso, todos ficam contentes, pois não há nenhuma montanha que os diminu, contra a qual se avaliar. Isso mesmo! Um livro é uma arma carregada na casa vizinha. Queime-o. Descarregue a arma. Façamos uma brecha no espírito do homem. Quem sabe quem poderia ser alvo do homem lido?"

"Os livros servem para nos lembrar quanto somos estúpidos e tolos. São o guarda pretoriano de César, cochichando enquanto o desfile ruge pela avenida: – Lembre-se, César, tu és mortal. A maioria de nós não pode sair correndo por aí, falar com todo mundo, conhecer todas as cidades do mundo, não temos tempo, dinheiro ou tantos amigos assim. As coisas que você está procurando, Montag, estão no mundo, mas a única possibilidade que o sujeito comum terá de ver noventa e nove por cento delas está num livro"

"Então, vê agora por que os livros são tão odiados e temidos? Eles mostram os poros no rosto da vida. As pessoas acomodadas só querem rostos de cera, sem poros, sem pêlos, sem expressão."

"Deixar você em paz! Tudo bem, mas como eu posso ficar em paz? Não precisamos que nos deixem em paz. Precisamos realmente ser incomodados de vez em quando. Quanto tempo faz que você não é realmente incomodada? Por alguma coisa importante, por alguma coisa real?"

"Se você esconder sua ignorância, ninguém lhe baterá e você nunca irá aprender."

Trailer do Filme:



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